7/27/2006

O Jardim dos Caminhos que se Bifurcam

Destino vive no Jardim dos Caminhos que se Bifurcam. É o seu Lar. Mas para nós, que passeamos nele sem saber, é uma prisão. A cada passo, a cada dia, construímos nosso caminho, titubeantes. A cada escolha, chegamos em um lugar novo, e uma nova escolha deve ser feita. Sempre.
Não há como traçar o caminho a seguir, antecipadamente. Não vemos muito longe à nossa frente. E, se olharmos para trás, uma leve névoa já recobre o caminho percorrido. Não há retorno. Quem sabe, com as escolhas certas, você acha o que perdeu um pouco mais à frente? Não há certezas, escolhemos às cegas, e torcemos para dar tudo certo.
São muitos caminhos, não há como trilhar todos. E a cada um escolhido milhões são deixados para trás. Alguns caminhos podem te levar ao final mais rápido, outros demoram mais, mais todos vão para o mesmo lugar, no fim das contas. Vão para o reino da irmã mais nova de destino, Desencarnação. Mas não quero falar sobre isso.
Quero falar das escolhas, decisões inevitáveis. São elas tudo o que importa nesse labirinto, pois o fim da trilha é inevitável, e o resto é somente o vazio. É fácil se perder nessa estrada, uma palavra, um ato, um olhar para o lado errado, ou uma omissão... e, de repente, estamos em um lugar irreconhecível, sem saber para onde seguir então, e no espelho há o reflexo de um estranho. Mas qualquer caminho serve, quando não se sabe para onde quer ir.
Já quis tomar as rédeas, dizer não, mudar de vez o Destino, mas minha vida parece estar toda no Livro que ele trás acorrentado ao seu punho. E não merece mais que uma página, um parágrafo talvez. E continuei seguindo, tentando inventar novos passos para conquistar a liberdade que não existe nessa prisão. Foi então que me perdi completamente, e agora não enxergo nada à frente, muito pouco aparece ao olhar para trás. “Meu Desejo e meu Destino, brigaram como irmãos”, e agora estou cada vez mais longe, longe de tudo, longe de mim.
E o vazio ameaça me engolir.