Às vezes fecho os olhos, recordo seus sons:
Vento soprando suave, as ondas quebrando
Até mesmo o apito da barca chegando
Nosso riso inocente de tempos tão bons...
Quase chego a ouvir as árvores mexendo
Os cascos dos cavalos na terra vermelha
Gotas grossas de chuva batendo na telhas...
Esses ruídos são silêncio, eu entendo.
Inspiro e meu olfato surpreende a memória
Com odores da infância, quando fui feliz:
Terra molhada impregnando meu nariz,
Damas-da Noite gritam uma velha história...
Minhas narinas captam o cheiro do mar
O cheiro de guardado das roupas de cama
Um cachimbo, a poeira do ar, café, grama
E o perfume de alguém que desprendi a amar
Sinto de novo a areia sob meus pés feridos
O sal secando em meu corpo, aquela brisa
Fresca, o mar morno, a mão macia que me alisa
E a dormência completa de todos sentidos
De repente é só esse calor repentino
Que torna à pele sentimentos represados
Tão bem guardados n' Arca dos Verões Passados
Perdidos nos caminhos do nosso Destino.
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